George Frederick Watts, c.1689
Orfeu
e Eurídice
Grande herói da Trácia, Orfeu era conhecido não pelas suas
qualidades de guerreiro, mas pelas suas qualidades musicais. Filho de
Apolo e da musa Calíope, recebeu do pai uma lira como presente e aprendeu a
tocar com tanta dedicação e beleza, que ninguém conseguia ficar
indiferente ao encanto da sua música.
Orfeu amava apaixonadamente a Ninfa
Eurídice. No dia do casamento de ambos, esteve presente Himeneu para abençoar a
união, mas o fumo da sua tocha fez lacrimejar os noivos, o que não trouxe
augúrios favoráveis. Pouco tempo depois, Eurídice passeava com as ninfas,
quando foi surpreendida pelo pastor Aristeu, que, ao vê-la, se apaixonou
perdidamente e tentou conquistá-la. Na sua fuga, Eurídice pisou uma cobra e
morreu da mordedura que esta lhe fez no pé.
Orfeu, inconsolável, tocou e cantou aos homens e aos deuses, mas nada
conseguiu. Decidiu, então, descer ao reino dos mortos para conseguir recuperar
Eurídice. Perante o trono de Hades e Perséfone, Orfeu cantou o seu
desgosto e o seu amor dizendo que, se não lhe devolvessem Eurídice, ele próprio
ficaria ali com ela, no reino dos mortos. Todos os fantasmas que o ouviam
choravam e Hades e Perséfone ficaram tão comovidos que lhe devolveram
Eurídice. Mas com uma condição: Orfeu poderia levar Eurídice, mas não
poderia olhá-la antes de terem alcançado o mundo superior. Caminhando na
frente, Orfeu, que estava quase a chegar aos portões de Hades, com receio
de ter sido enganado, virou-se para trás para confirmar se Eurídice o seguia.
Esta, com os olhos cheios de lágrimas, foi levada para o mundo dos mortos, por
uma força irreversível. Orfeu tentou alcançá-la, mas sem êxito.