Eis-me
gravura - água forte 1975
Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantosTendo-me separado de adivinhos mágicos e deusesPara ficar sozinha ante o silêncioAnte o silêncio e o esplendor da tua faceMas tu és de todos os ausentes o ausenteNem o teu ombro me apoia nem a tua mão me tocaO meu coração desce as escadas do tempo(em que não moras)E o teu encontroSão planícies e planícies de silêncioEscura é a noiteEscura e transparenteMas o teu rosto está para além do tempo opacoE eu não habito os jardins do teu silêncioPorque tu és de todos os ausentes o ausenteSophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'
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